“Para acabar com as agressões e violências de Bolsonaro, a participação da sociedade é indispensável”
Eu já mandei e você? Pode copiar e colar, 3 minutos do seu tempo para melhorar o nosso país!
… Entupam essas caixas postais e repassem, a coisa tem que ser viral.
Comissão de ética e decoro parlamentar: cedpa@camara.gov.br
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República: direitoshumanos@sedh.gov.br
MPF – Procuradoria Federal dos Direitos do cidadão: pfdc@pgr.mpf.gov.br
MPF – Câmara Constitucional: 1camara@pgr.mpf.gov.br
MPF – Câmara Criminal: 2accr@pgr.mpf.gov.br
“A quem interessar possa,
Como de conhecimento público, o senhor deputado Jair Bolsonaro deu declarações inquestionavelmente polêmicas, se não infelizes, em sua entrevista no último programa CQC, da rede Bandeirantes de televisão, transmitido ao vivo no dia vinte e oito de março pp. Não bastassem os lamentáveis lapsos do parlamentar em tal entrevista, o mesmo reafirmou sua posição anti-democrática e criminosa em nova entrevista dada ao Portal Terra na manhã do dia vinte e nove de março de dois mil e onze.
Antes de prosseguir, como cidadão plenamente cumpridor dos meus deveres, sinto-me não só no direito, mas no dever, de relembrar a Vs.Sas. o conteúdo do juramento feito por todos os parlamentares da casa a qual pertence o supra citado parlamentar: “prometo manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”.
Não é apenas chocante, também é revoltante e nauseabundo, que alguém que ocupe um cargo eletivo, id est um representante da democracia, que jurou defendê-la – já que a Constituição brasileira, segundo consta, define o Brasil como nação democrática – dê declarações como as dada ao vivo e, posteriormente, ao Portal Terra, defendendo e apoiando um governo de autoridade. Caso não tenha ficado claro, ao governo de autoridade se dá o nome de autocracia, que se explica pelo justo contrário da democracia. Como se não bastasse, o deputado ainda desrespeita frontalmente não só as leis de uma nação soberana – volto a repetir, a qual deveria representar e defender – como a própria dignidade humana e a memória de milhões de pessoas, não só brasileiras, vítimas de abusos e atrocidades cometidas pelos mais diversos governos de autoridade ao longo da história, ao afirmar que, se tivesse disposição, aprenderia, de livre vontade, as técnicas de tortura cubanas e chinesas, ao justificar os crimes políticos cometidos durante o Regime Militar no Brasil e ao ofender o próprio povo brasileiro declarando que o Regime Militar foi uma vontade deste. Pergunto-me, pois, como alguém pode pretender representar o povo quando afirma que auxiliaria, de bom grado e prazerosamente, se tivesse chance, que a vontade deste fosse novamente colocada sob a mordaça de um regime de autoridade. Para dizer o mínimo, tal declaração é uma afronta à Constituição. É, por acaso, o juramento feito na Câmara, uma mera formalidade destituída de valor real?
Na mesma entrevista dada esta manhã, o parlamentar voltou atrás em suas declarações racistas, dizendo que “não entendeu muito bem” a pergunta que lhe fora feita. Ofende-me, mais uma vez, a forma como o parlamentar subestima o povo brasileiro, lançando mão de um claro, óbvio e pueril subterfúgio para escapar de uma processo por sua declaração acintosamente racista e confortavelmente se livrar da responsabilidade por sua rompância através de uma insípida reparação por danos morais. As declarações do parlamentar foram bastante claras: seus filhos foram bem educados e não correm o risco de se envolver afetivamente com negros. É difícil acreditar que no século XXI ainda ouçamos que educar bem os filhos é ensiná-los a evitar ou não pessoas pela quantidade de melanina em suas peles.
Ainda falando em educação, o deputado afirmou, também, que a ilibada educação que forneceu aos filhos não permitiria que algum deles se tornasse homossexual e, na entrevista de hoje, colocou-se o deputado contra as políticas anti-homofóbicas do governo usando de cinismo e termos chulos como quando perguntou retoricamente ao repórter se, então, um filho dele – ou do repórter – teria que “queimar a rosquinha” para receber apoio do Estado. Somos livres – não graças ao deputado – e temos direito à plena liberdade de expressão. Não se pode negar ao parlamentar em questão o direito de não concordar com as políticas sociais adotadas, mas há que se cobrar o mínimo de respeito à dignidade humana (mais uma vez, isto também se encontra na Constituição desta nação), como há-de se cobrar explicações sobre as afirmações de que ele “desceria a porrada” em um filho homossexual. Desde quando incitar a violência neste país é permitido?
Eu poderia me alongar ainda muito mais, mostrando todos os dispositivos constitucionais e infraconstitucionais deste país sumamente ignorados pelo senhor deputado Bolsonaro; mas, acreditando ser desnecessário por confiar na competência de Vs.Sas. na execução de suas funções, cobro, como cidadão, todas as medidas cabíveis para que sejam defendidos, mantidos e salvaguardados os nossos direitos, para que se evite futuros vilipêndios à Carta Magna brasileira e para que o bem geral do povo desta nação seja, de fato, e não apenas de direito, promovido.”
redigido por André Lucchesi